11.08.2015

Meu ser elástico, mola, agulha, trepidação ...

Quem Kern amar?

Pegou a agulha e sofreu para colocar a linha - sinal da idade, brincadeira do tempo ou mero cansaço. Com maestria de alfaiate começou a costurar. Fechar aberturas, juntar partes, chulear e dar pontos. Começou pelo mais exposto. Começou costurando a vagina com o ímpeto de amor pleno. Alinhavou e selou. Depois a boca, os olhos e todo e qualquer orifício que pudesse ser saída. Ele quis nela prender a maior das irracionalidades, o amor.

Palavras
roubadasinspiradas por Richard Kern e Reinchenbach e dedicadas ao amor que mata de Ivana Debértolis.

2.18.2015

The Man Comes Around

Em o Senhor das Moscas um grupo de meninos abate um porco na floresta. Eles o torturam e colocam sua cabeça em uma estaca afiada como oferenda ao "monstro" que vaga pela ilha como um deus. Sangue negro escorre pelos dentes do porco e os garotos fogem assustados. Mais tarde, um deles fica só e chora. Não pelo porco, ele chora pelo fim da inocência e pela escuridão no coração dos homens.

2.17.2015

A certeza dos outros

Céus! Sentia algo escapando pelas mãos. Sentia escapando por outros lugares também.  Nuns cantos escapava lentamente no inicio, noutros jorrava tudo aquilo que vivia nele.  Seu eu corria para fora feito água.  Enxurrada de vida. Tentou segurar o que era seu, prender dentro de si o rio que sonhou ser, era. Tentou até beber-se. Aforgar-se em si. Engolir tudo de volta, mas era tarde. Outros já o haviam bebido. Seu rio quase secou. Nem tudo se foi, apenas o suficiente para lhe causar falta.  Bocas sedentas beberam até secar sua nascente. Amava a liberdade das águas, amava a idéia de se achar rio. Amava a certeza de achar-se seu. Afinal, era seu sim todos os seus eus.  Seus e de ninguém mais. Este é o problema de amar coisas livres e muitas, são vivas e cheias de vontades e movimentos. Meandros. Muitos seus, outros não tanto. Muitos eus são seus porque assim o são, outros – aqueles secretos – nem tanto. Uns rios, outros leito seco esperando a chuva que nunca volta. Chão


2.13.2015

A segurar ....


Arrastava o mundo nas costas, leão e senhor. Carregava as correntes da vida herculeamente. Cada passo uma luta. Cada luta uma nova cicatriz. Travava guerras dentro de si com a mesma força e da mesma forma que a história do seu povo mostra. Ombros largos e focado. Atlas. Do seu lado, uma figura menor e impotente a olhar. Estava lá e por lá estaria para sempre. O leão a caçar, lutar, desbravar, fazer, construir, sofrer e a sombra a contemplar. A certeza de um era a companhia do outro, a certeza do outro ... a esperança.

2.10.2015

Long are the days ...


Long are the days When you're turning away From the reasons you strung Long is the way When you're aching to say But your teeth bite your tongue Loud is the wind In your ears as you spin As you look for the sun Loud are the skies As you thunder your cries When your prayers are sung Hard is the floor As the waves pound the shore Of your wounds Roll up your sleeve It's hard to believe But it's you Love it or leave it You got to believe it My Oh My! It hurts sometimes My Oh My! It hurts sometimes I think I’m running out of time Before I’m gonna lose my mind Slow is the night When you reach for the light But the Dark lingers on Slow is the bite Of the words that you write When it’s finally dawn How can you swim When the waters are streaming In you Roll up your sleeve Now love it or leave it It's you Love it or leave it You got to believe it  My Oh My! It hurts sometimes Oh My Oh My! It hurts sometimes I think I’m running out of time Before I’m gonna lose my mind

1.30.2015

O corte

Tem um pedaço de mim podre e o pior de mim vive ali. Neste lugar escuro, o pior de mim é rei. Governa como tirano. Veneno. Cresce e se espalha matando tudo que de bom em mim há. Beligerante! Do outro lado, tem o melhor de mim. O melhor que mostro, o melhor que todos querem ver. O melhor de mim que quero ser.  O melhor batalha bravamente para manter o controle. Na maior parte do tempo – felizmente – vence. Porém, infelizmente derrotas houveram. Uma aqui, outra acolá. Então, o melhor de mim cedeu o lugar ao pedaço ruim, o desvão das minhas vontades. O maniqueísmo da minha história que deveria ser preto e branco, se disfarça em matizes. Justamente, o perigo. O cinza que sou nunca é certo, em um dia pode ser claro, noutro escuro, e a delimitação entre o bom de mim e o pior do que sou se perde. Preciso de ajuda, preciso de uma faca. Rasgar um do outro. O claro do escuro. Dor, mais dor. Pior do que sentir dor é causar dor. Assim, o trauma do corte não será maior que a dor da incerteza de hoje ser bom, amanhã não. Ser mau! Não quero mais ser os dois, pois não existe mais forças no todo para perdoar pedaços. Não quero mais cometer os erros e refazer, refazer-me para destruir tudo a minha volta. Meu lado pior não gosta da felicidade alheia e muito menos da felicidade dele mesmo. Por isso, constrói tramas e destrói tanto a si mesmo como o resto que é o melhor de mim. O que sobra no fim de cada guerra é o oco. Sem som ou vida. Homúnculo. Hoje, o pior de mim fez as malas, o melhor de mim nem deu adeus. A tristeza é que ele, o pior, não vai longe, apesar de ir tarde. As cercas agora terão que ser mais altas e os arames mais afiados. Preciso de você e sua força para vigiar a fronteira. Soar as sirenes. Aceita? Guarde os portões ou me corte em pedaços para esconder um pedacinho ínfimo que seja do melhor de mim em você.


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